Opinião: temos sorte por sermos genealogistas?

Em Opiniões e Experiências Por Tati MarinDeixe um Comentário

Uma publicação nas redes sociais rendeu um pouco de conversa e inspiração. Sobre a citação “Se você tiver sorte o suficiente para ser um genealogista, você tem sorte o suficiente” de Ruth Padilla, perguntei: que sorte é essa? A que você acha que ela estava se referindo?

No Instagram obtive alguns engajamentos interessantes. Entre as respostas, o enfermeiro Fernando Melo, que se dedica à genealogia há quase 20 anos e está a frente do perfil @genealogiaem, concorda com a autora. “Para mim a genealogia é um exercício que estimula várias habilidades”, afirma. Quer sorte maior que essa? Conversando, elencamos algumas habilidades: aperfeiçoamento do raciocínio lógico, leitura de escrita antiga, planejamento, visão do nexo causal temporal, persistência, capacidade analítica, empatia, etc.

A psicóloga e consteladora familiar Maria Auxiliadora Belo acredita que as descobertas nos beneficiam. “Você tem sorte pela oportunidade de conhecer a história familiar, sua origem, locais em que viveram, o que gostavam de fazer, as dificuldades e desafios vencidos”.

Rodrigo Sette, CEO do MyPast, discorda da afirmação da autora. “Para mim tem tudo a ver com a equação (objetivo+dedicação) x tempo”. Minha tréplica foi: “Concordo contigo mesmo concordando com ela. Entendo que você diz sobre nosso modus operandi. Ela (a autora) fala do estado de ser”.

Azares em meio à sorte

A genealogia é uma atividade que requer atenção e algum senso de investigação. Entretanto, toda essa dedicação não garante necessariamente que vamos obter a informação procurada no tempo que gostaríamos ou prevemos.

Na verdade, genealogistas profissionais e também pesquisadores amadores acabam acumulando alguns revezes e contratempos ao longo da pesquisa. Não encare isso como motivo para desistir. Isso nos desafia e nos faz mais fortes e persistentes. As dificuldades nos ensinam!

Temos sorte, sim! E sorte é apenas uma palavra, você pode trocá-la por bênçãos, consequência, aprendizado, privilégio… Acredito que Ruth Padilha também tenha usado este termo de modo subjetivo. O que descobrimos obviamente não cai do céu, sem ao menos algum esforço.

Não sei dizer o que eu seria hoje, como seria, onde estaria, se há 30 anos atrás (e em nenhum outro momento depois) a genealogia não tivesse despertado meu interesse. Somos o resultado de todas as nossas decisões, assim como a soma de nossos ancestrais.

Enfim, não só a sorte, mas também os “azares”, que tive com minhas pesquisas, me ensinaram muito de história, cultura, geografia, política e tantos assuntos de tantos lugares do mundo. Proporcionaram aproximação com minha família próxima, com família distante e também a nova família depois do casamento. E me fizeram conhecer tantas pessoas maravilhosas que compartilham dessa mesma paixão.

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